Em outubro a Apple chocou consumidores de todo o mundo ao anunciar que seus novos iPhones não acompanhariam acessórios na caixa. O novo posicionamento faz parte de um conjunto de ações da gigante para reduzir a emissão de carbono e o lixo eletrônico nos próximos anos, mas a justificativa ecológica não convenceu muita gente.
A novidade inesperada rendeu piadas até de seus concorrentes, como a Samsung e a Xiomi, que aproveitaram o buzz gerado na internet para frisar que seus smartphones acompanham acessórios.
Os porquês, segundo a Apple
De acordo com a Apple, há cerca de 2 bilhões de adaptadores de tomadas e 700 milhões de fones de ouvido da maçã espalhados pelo mundo. Levando em consideração que a gigante californiana é a marca com consumidores mais fiéis, ou seja, que sempre voltam a comprar seus produtos, faz sentido tirar os itens da caixa dos novos aparelhos, pois a maioria dos usuários possuem estes acessórios, mesmo que no fundo da gaveta.
Com isso, a empresa poderá economizar em praticamente todos os processos, da embalagem ao transporte. Quanto menor a caixa, mais aparelhos podem ser transportados em um único caminhão.
Por outro lado, o discurso da Apple fica cada vez mais vulnerável porque não responde a única questão que interessa. Se a intenção é reduzir a quantidade de lixo eletrônico, por que não abandonar a entrada lightning e produzir aparelhos com entradas USB-C, compatíveis com cabos e fones de ouvido de diversas marcas?
É nesse ponto que a justificativa verde da Apple se perde. Se você não possui acessórios compatíveis em casa, terá que comprar itens novos, que são vendidos em embalagens individuais, que por sua vez viram lixo em milésimos de segundos.
Tendência controversa
A chinesa Xiomi não perdeu a oportunidade de tirar sarro da Apple com a retirada dos acessórios do iPhone 12 e dos iPhones SE, XR e 11. A rival inclusive postou em seu Twitter um unboxing do Mi 10 T Pro, mas no lugar do smartphone, apenas o carregador na caixa. A cutucada na maçã veio acompanhada da seguinte frase “não se preocupe, não esquecemos de nada na caixa”.
Mas a sátira logo perdeu o sentido, já que o CEO da companhia, Lei Jun, confirmou que o Mi 11 chegará aos consumidores sem carregador. O executivo, inclusive, usou a mesma justificativa da Apple: a redução de lixo eletrônico e a ociosidade de acessórios compatíveis com os aparelhos da marca.
A maior rival da Apple, a Samsung, também ironizou o posicionamento de mercado da gigante em uma postagem no Facebook, mas decidiu apagar o post dois meses após a publicação e lançar o Galaxy S2 sem carregador. Tudo indica que as demais empresas de tecnologia sigam os passos das precursoras nessa tendência um tanto quando controversa.