Empresas como Facebook e New York Times se posicionaram contra recurso que obriga apps a pedir autorização de usuários para a coleta de dados
RESUMO DA NOTÍCIA:
- A Apple decidiu adiar uma atualização de privacidade do iOS 14, que obrigaria apps a pedir autorização de usuários para a coleta de dados
- Hoje, anunciantes conseguem rastrear as informações e identificar o impacto da publicidade nas ações do usuário
- Empresas como o Facebook e The New York Times se posicionaram contra a atualização
Depois de reclamações de gigantes da tecnologia e da comunicação, a Apple recuou e decidiu adiar a atualização de privacidade do iOS 14, que obrigaria aplicativos a pedir a permissão de usuários para coletar e compartilhar dados de identificação do dispositivo.
Na prática, estas são as informações usadas por anunciantes para saber quando você comprou algum produto ou fez download de um aplicativo depois de visualizar uma propaganda. Sem o mecanismo, fica bem mais difícil para que empresas identifiquem o impacto da publicidade nas ações do usuário.
O Facebook foi uma das empresas que se posicionaram contra a atualização. De acordo com a empresa, a mudança vai reduzir a receita dos desenvolvedores que dependem da rede de anúncios da plataforma. Testes do Facebook concluíram que a receita da plataforma Audience Network, que permite que a rede de anúncios funcione, cairia mais de 50% caso a personalização seja impedida.
“Na realidade, o impacto no Audience Network pode ser muito maior, então estamos trabalhando em estratégias de curto e longo prazo para apoiar os editores durante essas mudanças”, informou o Facebook na época.
A empresa ainda completou dizendo que a atualização prejudicaria muitos desenvolvedores e editores “em um momento já difícil para as empresas”. O Facebook ressaltou que não coleta dados de segmentação de anúncios em seus aplicativos adaptados para dispositivos da Apple, e, por isso, sua própria receita de publicidade não seria afetada.
Além do Facebook, empresas como The New York Times engrossaram o coro contra a atualização do iOS 14. Depois de toda a repercussão negativa, a Apple afirmou que as mudanças não serão mais válidas para 2020, mas que continua comprometida em proteger seus usuários da ação de rastreadores e outros agentes de publicidade.
“Acreditamos que a tecnologia deve proteger o direito fundamental dos usuários à privacidade, e isso significa fornecer aos usuários ferramentas para entender quais aplicativos e sites podem estar compartilhando seus dados com outras empresas, para fins de publicidade ou medição de publicidade, bem como as ferramentas para revogar a permissão para rastreamento”, explicou a Apple ao site The Verge.
Assim, a Apple anunciou a atualização de privacidade do iOS para 2021. A janela deve dar “tempo para que desenvolvedores façam as mudanças necessárias”, de acordo com a companhia.
Quais recursos serão disponibilizados em 2020?
Apesar de adiar a permissão para que apps possam rastrear os dados de identificação de dispositivos, a Apple ainda tem novidades de privacidade para este ano.
A nova versão do iOS, lançada na semana passada, agora “explica” aos usuários como os desenvolvedores estão utilizando dados coletados na App Store. Além disso, uma nova função permite que usuários compartilhem apenas uma localização aproximada com serviços de notícias locais, previsão do tempo e outros que não precisam da informação exata para funcionar.
Outra novidade são os alertas que informam ao usuário quando um aplicativo tenta acessar sua câmera, microfone ou área de transferência do dispositivo.
Recurso de privacidade para 2021
Para o ano que vem, desenvolvedores devem informar exatamente quais tipos de dados pessoais serão usados para o rastreamento e quais serão utilizados para traçar perfis. Assim, o usuário tem acesso detalhado às informações privadas que estão sendo coletadas.
Segundo a Apple, os desenvolvedores devem começar a enviar este tipo de informação sobre usuários a partir de outubro de 2021, via App Store Connect.