Na comparação com um oxímetro comum, taxa de erro da Apple surpreende
RESUMO DA NOTÍCIA:
- A Apple lançou nova linha Watch Series 6 com um aguardado recurso: o oxímetro, capaz de medir o oxigênio no sangue e indicar doenças
- De acordo com a marca, a eficiência do recurso ainda não foi comprovada pela FDA, órgão regulador dos Estados Unidos
- Agora, testes mostram a imprecisão do Apple Watch, na comparação com um oxímetro comum
Confirmando os rumores, a Apple lançou o Watch Series 6 com um recurso de oxímetro, capaz de medir o oxigênio no sangue. Na prática, a ferramenta pode ser útil para pessoas asmáticas e até mesmo na luta contra o coronavírus (ao detectar uma possível dificuldade respiratória).
A nova versão do relógio inteligente foi apresentada durante o evento digital da Apple no última dia 15. Durante o anúncio, a empresa confirmou que a eficiência do Watch, contra o covid-19, ainda não havia sido comprovada pela Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador dos Estados Unidos, mas testes estavam em andamento. Vale ressaltar que o FDA funciona como a Anvisa no Brasil.
Agora, um teste realizado pelo jornalista Geoffrey Fowler, do Washington Post, pode deixar muitos usuários decepcionados. Ele decidiu comparar o medidor do Apple Watch Series 6 com um oxímetro comum, utilizado no dedo, e também com o novo smartwatch da Fitbit, o Sense.
O processo é igual em todos os dispositivos: os vasos sanguíneos são iluminados e a quantidade de luz refletida indica a cor do sangue. A partir daí, o equipamento fornece a informação do volume de oxigênio com uma medida chamada SpO2. Em pessoas saudáveis, o percentual varia de 95% a 100%.
Nos testes com os relógios, ambos marcaram valores muito diferentes, em comparação com o oxímetro. Para Fowler, as empresas de tecnologia estão desenvolvendo recursos de saúde sem que seus aparelhos possam fazê-lo de forma confiável. “Essa é uma tendência perigosa e que põe em risco o efeito positivo potencial que a coleta de dados corporais pode ter sobre nossa saúde”, escreveu ele.
O Apple Watch Series 6 é equipado com LEDs verdes, vermelhos e infravermelhos. Assim, eles iluminam os vasos sanguíneos do pulso enquanto os fotodiodos medem a quantidade de luz refletida. Em seguida, os algoritmos calculam a cor do sangue para indicar o volume de oxigênio presente. A qualquer momento, o usuário pode checar os resultados, mas ele precisa permanecer imóvel por 15 segundos para que o relógio possa realizar a leitura. Já o oxímetro comum faz essa medição na ponta do dedo.
“Na primeira vez que usei o recurso no Apple Watch 6, ele indicou que meu nível de oxigênio estava em 88% — chocantemente baixo, visto que estou com boa saúde e não estava ofegante”, contou Fowler. “Cinco minutos depois, testei novamente e ele disse que meu SpO2 estava em 95%. Continuei tentando e obtendo leituras diferentes — e, frequentemente, uma mensagem de erro de ‘medição malsucedida'”.
Fowler entrou em contato com a Apple para explicar o problema e a marca enviou um novo relógio. Na primeira medição, o nível de SpO2 indicou o percentual de 100%. Ele seguiu testando e comparando os resultados com o oxímetro de dedo.
O jornalista conta que, na maioria das vezes, a divergência foi de dois ou três pontos percentuais, mas alguns resultados foram iguais. Um dos resultados, entretanto, marcou 7% de diferença entre os equipamentos.
No final, os testes do Fitbit Sense mostraram que o dispositivo erra menos que o Watch, mantendo-se entre 95% e 97%. Por outro lado, o relógio inteligente da Apple fornece muito mais informações que seu concorrente. O Sense, por exemplo, não faz verificações pontuais, medindo apenas enquanto você dorme e fornecendo uma média noturna.
Procurada mais uma vez por Fowler, a Apple não comentou sobre a taxa de erro e apenas ressaltou que o Watch “foi rigorosamente testado em um amplo espectro de usuários e em todos os tons de pele”. A marca ainda explicou que o app de oxímetro “não se destina ao uso médico, incluindo autodiagnóstico ou consulta médica, e foi desenvolvido apenas para fins de bem-estar e boa forma”.
Conheça a nova linha do Apple Watch
Expandindo a linha de dispositivos econômicos, a Apple apresentou o Watch SE, relógio que “imita” o mesmo formato do Watch 3, lançado em 2017, mas que recebe o chip S5, que promete ser duas vezes mais rápido que o antecessor.
O Apple Watch SE também tem os recursos de detecção de queda grave e medição de batimentos cardíacos. Já o medidor do nível de oxigênio no sangue — uma das novidades da Apple para 2020 — não foi incluída no dispositivo.
A Apple também aproveitou para apresentar uma nova pulseira do relógio com acabamento em silicone, o loop. Outras pulseiras, em metal e cerâmica, já são vendidos pela marca. No Brasil, o Apple Watch SE com GPS será vendido a partir de R$ 3.799. Já a versão com GPS + Rede Celular pode ser encontrada por preço sugerido de R$ 4.399.
No evento Apple, também foi lançada a sexta geração do Watch nas opções azul, vermelho, grafite e dourado. Outros modelos especiais foram anunciados em parceria com a Nike, empresa de materiais esportivos.
Além do visual, o Watch 6 inclui o oxímetro capaz de medir o oxigênio no sangue e uma função de detectar elevações, o altímetro, para identificar quando o usuário sobe escadas, por exemplo. Outros recursos anteriores foram mantidos, como o eletrocardiograma e o detector de queda grave, que, ao perceber que o usuário caiu e permaneceu imóvel, liga automaticamente para o serviço de emergência e repassa dados de localização da vítima.
No Brasil, o Apple Watch 6 com GPS custa R$ 5.299 e a versão com GPS + Rede Celular será vendido por R$ 6.499. A notícia que pode desanimar os usuários da Apple é que os relógios inteligentes serão vendidos sem o adaptador de tomada na embalagem. Para justificar a escolha, a marca citou esforços de sustentabilidade.